Criança fica triste?

Quando vi o filme "O menino maluquinho", me deliciei com uma obra prima, cheia de amor, sabedoria e respeito. Fala da infância, da pureza das idéias mirabolantes do mundo infantil, do qual todos nós fizemos parte. Resgata memórias, fantasias, sentimentos infindos e traz consigo a gratidão por termos simplesmente sido criança um dia.

Hoje vou falar sobre o sentimento de tristeza, relacionado a uma cena do filme. Maluquinho vive intensamente sua infância, é amado pela mãe, pelo pai, pela babá/empregada da casa (a Irene), pelos amigos e pela professora. Num determinado momento, os pais, passando por uma crise conjugal decidem se separar, o que deixa o garoto verdadeiramente triste. 

(Aqui faço um parênteses para enfatizar a maneira diferente de reação de meninos e meninas - Maluquinho após ouvir uma discussão dos pais, sai para fora de casa e encontra seu melhor amigo, os dois estão sentados na calçada, em silêncio, quando Maluquinho pergunta a ele algo relacionado à história que tinha acabado de ler num livro, e o amigo, parecendo entender a mensagem, simplesmente coloca o braço sobre o ombro dele como sinal de apoio. Ou seja, não se refere ao que está sentindo, não fala diretamente sobre sentimentos, mas de alguma forma se entendem. Se fossemduas meninas, como você acha que seria a cena?).
  
Voltemos ao tema principal, a tristeza. A cena que me chamou atenção foi quando ele chegou um dia da escola e setrancou no quarto, colocou uma placa dizendo "Não perturbe" e não quis almoçar. O diálogo que se seguiu entre aIrene e sua mãe, para mim foi o mais interessante:

Irene: Se deixar vai ficar assim uns dias. Por que a senhora não leva ele num médico?
Mãe: Um psicólogo... (pensa alguns segundos e conclui)... 
Que nada Irene. Daqui a pouco ele arrebenta a porta do quarto e sai por aí voando num foguete. Deixa ele... tristeza a gente tem que mastigar, que nem chicletes. 

Esta é a fala de uma mãe segura, que sabe que ama o seu filho, porém sabe que não pode evitar que ele tenha momentos difíceis na vida. É uma mãe sem sentimentos de culpa e convicta de seu amor e carinho pelo filho, que também confia na capacidade dele de superação. 
É uma cena de uma singeleza inexprimível, que quase passa despercebida, mas contém um ensinamento incrível.
Compartilho com vocês queridos leitores esse filme, que julgo que todos deveriam ver ao menos uma vez na vida.
Aqui está o vídeo, para assistir pelo Youtube, completinho.